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TOMÁS LIMA – IOF Training Camp 2022 – Idre Fjäll

A Federação Internacional de Orientação (IOF) promoveu um campo de treino de 24 a 28 de Agosto em Idre Fjäll, na Suécia.

O nosso atleta Tomás Lima integrou o grupo de 20 atletas, oriundos de 10 países, cuja participação foi suportada pela própria IOF.

Este grupo de atletas foi seleccionado entre 85 candidatos, 8 dos quais foram apresentados pela Federação Portuguesa de Orientação (FPO).

Os principais critérios de selecção foram os resultados em competições internacionais de floresta, nomeadamente em provas da Taça do Mundo, Campeonatos do Mundo, Campeonatos Mundiais de Juniores e Campeonatos Europeus e as posições em Ranking Mundial.

Grato pela excelente oportunidade de melhoria do seu desempenho técnico e desportivo e de enriquecimento pessoal a que teve acesso, o Tomás partilha aqui o seu registo pessoal:

“Depois de mais de 28h de viagem, chegámos a Idre dia 24 ao início da tarde. Bom tempo, florestas infindáveis e uma estância de ski no meio das montanhas da Suécia ocidental deixavam antever grandes momentos. Os treinos oficiais só começavam no dia seguinte de manhã, mas foram-nos oferecidos mapas para podermos treinar logo nessa tarde. Este treino revelou logo toda a beleza daquele região, florestas incríveis com boa visibilidade e velocidade de progressão, alternadas com zonas super técnicas, ricas em detalhes rochosos e de relevo. A zona dos 5 pontos finais é apelidada pelos suecos de “Bermuda Triangle”, por razões que me parecem relativamente óbvias. Apesar de ser cartografada como floresta branca, esta parte do terreno é composta por árvores mais baixas, reduzindo bastante a velocidade e o chão é muito irregular, com imensas pedras escondidas pelo musgo e arbustos rasteiros. Um autêntico quebra-tornozelos.
Este mapa fora usado na 2ª ronda da World Cup de 2021 para a distância longa.
Dia 25 começou o estágio oficial, com um treino de ambientação ao terreno, que consistia num control picking na floresta a oeste da estância de Idre Fjäll.
À tarde, o foco foi para as curvas de nível, desta vez na encosta este, com um treino relativamente longo. Como havia variações no percurso, fizemos o treino em mass-start, mas rapidamente todos nos dispersamos na floresta. Este treino correu-me relativamente bem, especialmente tendo em conta as pernadas longas, o que me deixou mais seguro na navegação neste novo terreno.
Entre os dois treinos do dia, eu e outros 2 atletas decidimos ainda subir ao topo do Städjän, uma das montanhas de marca de Idre Fjäll.
No dia seguinte deslocámo-nos até cerca de 7km da fronteira com a Noruega, que visitámos mais tarde, para uma prova-treino de distância média num terreno incrível em termos de detalhes de relevo. Este treino não começou da melhor maneira, mas no ponto 6 parei uns segundos para me recompor e a partir daí consegui fazer a minha orientação até ao fim. Este percurso tinha sido usado pela selecção sueca como prova de selecção para a World Cup do ano anterior, pelo que foi interessante comparar tempos e opções com os atletas que lá estiveram.
Da parte da tarde voltamos a centrar-nos nas de curvas de nível. Neste treino tive como “sombra” o atleta sueco Johan Runesson. Este era uma dos principais objectivos do estágio, ter atletas de topo mundial a ajudar na evolução e desenvolvimento técnico dos atletas vindos de países com menos tradição na modalidade. Dividimos o treino em duas partes: até ao ponto 5 devia fazer a minha orientação normal e ele seguir-me-ia a 30-50 metros. Aí parámos e ele discutiu comigo aquilo que eu poderia melhorar, tendo em conta aquilo que ele tinha podido ver. A partir daí ele seguir-me-ia mais perto e queria que ao longo das pernadas eu fosse falando com ele, explicando aquilo que estava a pensar e o que queria fazer durante as pernadas. Erro no ponto 11 e ficamos bastante tempo a falar sobre o que correu mal ali, à semelhança do que já me aconteceu bastante vezes em competição na chegada aos últimos pontos depois de uma boa prova, inclusive recentemente em competições internacionais. Com novas ideias para evitar este tipo de erros, terminei o treino bastante satisfeito.
Dia 27 de manhã corremos nova prova-treino, desta vez uma distância longa de 18km, novamente na encosta este de Idre Fjäll. O percurso era composto por 3 loops, terminando sempre cada loop no topo da montanha. O objectivo inicial era fazer apenas os 2 primeiros loops, tendo em conta a dureza e o mês recheado de competições que se aproxima. Contudo, o ritmo tranquilo que levei desde início e o facto de estar a desfrutar tanto do terreno, fez com que me sentisse capaz de fazer o percurso todo. As últimas duas subidas foram impulsionadas pelos mirtilos que fui comendo a cada passada que dava com as costas dobradas. Também este percurso fora corrido pela selecção sueca, pelo que pudemos igualmente comparar-nos com os melhores.
Como os 23km no total da parte da manhã não foram suficientes, à tarde o treino foi de pernadas longas, na mesma zona do treino de control picking.
No final dos dias de treino, tivemos sempre uma reunião técnica onde analisávamos os treinos, preparávamos o dia seguinte e discutíamos entre atletas e técnicos as nossas experiências a todos os níveis. O mais interessante de tudo foi de facto perceber como trabalham os outros atletas e o nível de profissionalismo que outras selecções (não só a sueca) põem em tudo o que fazem.
No regresso para Estocolmo, parámos em Ludvika para correr o campeonato distrital de estafetas de Dalarna, mas a cabeça e o corpo não estavam lá depois da “tareia” do dia anterior e da grande viagem de carro.
Depois de uma semana com quase 130km corridos, dezenas de pontos controlados, uma mão cheia de quedas aparatosas e os dois pés destruídos, posso dizer que Idre será muito possivelmente, a Meca da orientação, onde se deve tentar ir pelo menos uma vez na vida. E não se trata só de orientação, é a beleza incrível daquela zona, as renas que encontramos na floresta, os pântanos e as montanhas, os trilhos e os lagos.
Um grande obrigado ao COC, ao meu clube finlandês MS Parma, à FPO e à IOF por tornarem possível esta experiência, a qual eu espero vivamente que outros possam aproveitar no futuro.
Tomás Lima”

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